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DE IBIARA
O século XXI no Brasil, a educação a distância (EaD) se tornou protagonista. De promessa revolucionária para democratização, até uma solução emergencial na pandemia, ela ou de coadjuvante a personagem principal no debate sobre o futuro da educação. Mas, como toda protagonista, carrega "luzes" e "sombras". A EaD pode, sim, ser um caminho de o ao conhecimento para milhares de pessoas. Mas também pode ser um produto “barato e raso”, vendido como solução "milagrosa" por instituições sem compromisso com o ensino e que pensam apenas no lucro.
No entanto, vamos começar falando, do que realmente merece aplausos: a Universidade Aberta do Brasil (UAB). Criada pelo governo federal, a UAB é uma das iniciativas mais sérias e bem estruturadas de EaD no país. Ela leva ensino superior público, gratuito e de qualidade a cidades onde não há universidades presenciais, através de uma rede de polos presenciais e cursos oferecidos por universidades federais e estaduais. Ou seja, leva educação onde o mercado não vai porque “não compensa”.
Os cursos da UAB são exigentes, têm acompanhamento docente, avaliações presenciais, atividades práticas e um compromisso com a formação cidadã e crítica do aluno. Não é raro encontrar professores com mestrado e doutorado, materiais didáticos bem elaborados e plataformas tecnológicas que realmente servem ao processo de aprendizagem. A UAB mostra que a EaD pode ser sinônimo de inclusão, democratização e excelência.
Por outro lado, o que vemos em parte do setor privado muitas vezes é preocupante para dizer o mínimo. A expansão acelerada da EaD nas universidades particulares, em especial após 2017, foi movida não por ideais pedagógicos, mas por estratégias de mercado. Com turmas numerosas, pouca ou nenhuma tutoria, vídeos gravados que substituem o professor e avaliações automatizadas, muitos cursos viraram apenas um canal para obtenção de diplomas – e não de conhecimento.
Enquanto a UAB aposta na mediação humana e na presença de polos físicos para manter o vínculo com os alunos, muitas instituições privadas oferecem cursos 100% on-line, com e pedagógico limitado. Em alguns casos, o aluno sequer sabe quem é seu professor. Os custos de manutenção para as instituições são baixos, os lucros são altos, e o ensino... bem, esse costuma ser “Natimorto”.
A mercantilização da EaD é visível na lógica de “promoções” para conquistar alunos: “graduação por R$ 99”, “formação em tempo recorde”, “aulas flexíveis e sem burocracia”. A promessa é sedutora, mas o resultado, muitas vezes, é uma formação frágil, pouco valorizada no mercado de trabalho e desconectada das necessidades reais do país.
Claro que nem toda EaD privada é ruim. Há instituições sérias, com bons cursos e e adequado. Mas, infelizmente, elas são a exceção, não a regra.
É preciso, portanto, distinguir o que é projeto público de inclusão educacional do que é produto de prateleira. A EaD pode ser um instrumento poderoso de transformação, especialmente para quem trabalha, cuida da família e não pode frequentar uma sala de aula todos os dias. Mas isso só será possível com regulação firme, investimento público, valorização dos professores e respeito aos estudantes.
A educação não pode ser tratada como mercadoria. E diploma não pode ser vendido como se fosse uma “pipoca na bodega”. Se queremos uma sociedade mais justa e preparada para os desafios do presente e do futuro, precisamos de uma EaD que forme pessoas, não apenas números.
Porque, no fim das contas, o que está em "jogo" não é só a forma como estudamos. É o tipo de país que queremos construir.
Divulgue aqui a sua marca!